A prosperidade do ímpio




Introdução


1. Por que o justo sofre e o ímpio é bem sucedido na vida? Por que as pessoas que fazem o mal não recebem imediatamente o castigo de Deus e aqueles que fazem o bem a sua recompensa imediata? Por que coisas boas acontecem com pessoas más e coisas más acontecem com pessoas boas?
2. Por que homens cheio do Espírito Santo como João Batista estão na prisão e homens perversos como Herodes estão no trono? Por que um homem como o apóstolo Paulo são degolados enquanto devassos e perseversos como Nero estão governando o mundo? Por que aqueles que escarnecem de Deus se tornam ricos e desfrutam dos prazeres deste mundo e aqueles que são fiéis a Deus passam por dificuldades e ainda têm que suportar a disciplina de Deus? 3. O grande patriarca Jó expressa esse drama em Jó 21:7-15. Habacuque 1:4,13 expressa também a sua angústia. Agora, Asafe expressa o seu conflito. Por que o ímpio prospera e o justo é castigado? Vale apena ser fiel a Deus? Tem algum proveito ser justo?


I. O CRENTE NA JANELA DA TENTAÇÃO, COM OS PÉS NA ESTRADA ESCORREGADIA – v. 1-14
1. Você está com os pés no lugar escorregadio quando inveja as pessoas pelo que elas têm sem olhar para o que elas são diante de Deus – v. 2-3 Por que eu trabalho com o suor do meu rosto e sofro para pagar as minhas contas em dia, enquanto o meu vizinho de uma só tacada consegue resolver o seu problema financeiro? Para mim o rigor da lei, para ele, os favores. Para mim, o trabalho; para ele as recompensas. Para mim, tenho que me desdobrar para pagar as contas em dia, manter os filhos na escola e pagar o plano de saúde, para o ímpio as benesses vêm por atacado. Asafe olhou pela janela da tentação e começou a sentir inveja dos arrogantes ao ver a prosperidade dos perversos. Eles são arrogantes, mas são ricos, são fortes, são populares, são aparentemente felizes. Quando Asafe avaliou a vida apenas pelas coisas externas, viu que estava em desvantagem com os perversos. Asafe começou a olhar para vida com egoísmo e sentiu-se injustiçado (v. 13). Daí, seus pés quando se resvalaram.
2. Você está com os pés no lugar escorregadio quando olha para a prosperidade do ímpio em constraste com as provações dos justos – v. 12, 14 O ímpio prospera, cresce, torna-se pujante. Tudo o que ele põe a mão parece que se multiplica em dinheiro e prosperidade. Ele, ao contrário, em vez de prosperidade enfrenta provações. Ele diz que em vez de ver riqueza, ele de “contínuo é afligido” e a “cada manhã castigado”. Ele não tem folga. Ele vive diariamente no moinho de Deus, na fornalha de Deus. Ele sai de um problema e entra noutro. Sai de uma prova e entra noutra. Para o ímpio a riqueza, para ele o chicote. Para o ímpio o conforto; para ele o castigo. Asafe entra em crise quando olha a qualidade de vida dele com a do ímpio. Parece que o ímpio é mais feliz do que ele.
3. Você está com os pés no lugar escorregadio quando olha para a carnalidade dos ímpios em constraste com a pureza dos justos – v. 6-10 e 13 Os ímpios são soberbos, arrogantes e violentos (v. 6). Os ímpios vivem nababescamente e em fanfarronices intérminas (v. 7). Os ímpios desandam a boca para falar impropérios contra o próximo (v. 8). Os ímpios desandam a boca para falar contra Deus e eles não têm limites na sua insolência (v. 9). Os conselhos dos ímpios são muito mais aceitos a despeito de suas leviandades (v. 10). MAS quando Asafe olha para a sua vida, diz: “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência” (v. 13). Se você ficar na janela da tentação, avaliando a vida só pelas aparências, você também vai pisar em terreno escorregadio. Quantos que já desistiram de ter um coração puro? Quantos que já desistiram de ter mãos inocentes?
4. Você está com os pés no lugar escorregadio quando olha para as blasfêmias dos ímpios em contraste com a linguagem santa dos justos – v. 8-9, 15 Os ímpios falam contra os céus e a terra, contra Deus e os homens e mesmo assim, prosperam. Mesmo assim se tornam famosos. Mesmo assim, têm uma vida tranquila. Asafe, entretanto, percebeu que se apenas tivesse falado acerca de suas angústias íntimas, de sua crise de invejar os arrogantes, já teria traído a geração dos filhos de Deus. Asafe entendeu que há coisas que passam pelo nosso coração que não devem ser ditas nem compartilhadas, para não se tornarem um laço para os outros.




II. O CRENTE NA CASA DE DEUS, SEGURO NAS MÃOS DO TODO-PODEROSO – v. 15-26
1. Você está seguro nas mãos de Deus quando você deixa de lado o egoísmo idolátrico, para olhar para a vida com os olhos de Deus – v. 15-16 A transformação do ponto de vista de Asafe teve seu início, quando ele refreou a sua língua (v. 15) e sondou o seu coração (v. 16). O primeiro passo não foi mental, mas moral: o virar-se contra o egoísmo e auto-compaixão que se revela nos versos 3 e 13, para então, lembrar-se das responsabilidade e lealdade que deve ao próximo (v. 15). Asafe ainda não tinha uma resposta clara para o seu dilema (v. 16), mas ele já estava liberto de seu egoísmo e da sua auto-piedade, pronto para fazer uma avaliação da vida pela perspectiva de Deus.
2. Você está seguro nas mãos de Deus, quando você entra na Casa de Deus, para olhar para a vida como Deus a vê – v. 17-20 Asafe viu seu conflito dissipar-se quando ele deixou de ser o juiz de Deus, para ser uma adorador de Deus. Ele deixa de julgar Deus, para adorar a Deus. Ir à Casa de Deus foi o começo da sua libertação e da sua cura. A Casa de Deus nos cura das caxumbas e sarampos da alma. Quando vamos à Casa de Deus encontramos Deus e ele é a luz que dissipa as nossas trevas. Quando vamos à Casa de Deus encontramos outros irmãos que chegaram antes de nós. Outras pessoas semelhantes a nós, descobriram que em Deus há abrigo e buscam ao Senhor. Quando vamos à Casa de Deus descobrimos que pessoas que enfrentam os mesmos problemas que nós ou maiores, estão encontrando em Deus resposta. E isto nos cura. O v. 17 diz “Até que entrei na Casa de Deus e atinei ou entendi com o fim deles”. Não é esquecer o problema, é receber entendimento. Cristianismo não é ópio, não é anestésico, narcótico. Deus lhe dá entendimento. As pessoas hoje buscam resposta na bebida, nas drogas, nas seitas, nas psicologias de auto-ajuda. Mas Deus lhe abre o entendimento para compreender as coisas: Ele só olhava para a prosperidade dos ímpios, mas não para o fim dos ímpios. Sua visão estava sendo parcial, defeituosa. Asafe tem um novo entendimento acerca:
2.1. Dos ímpios – Os ímpios têm uma aparente segurança. Eles properam. Eles se tornam opulentos. Eles se tornam famosos. Mas e o fim deles? A situação deles na verdade é precária e perigosa. Eles não são agentes livres. Deus mesmo os põe em lugares escorregadios. Nada acontece à parte de Deus. Asafe começa a perceber que a situação dos ímpios é desesperadora e não para deles se sentir inveja. A destruição deles virá repentinamente (v. 19). Os ímpios vão despertar para a vergonha e horror eterno (Dn 12:2). Jesus vai lhes dizer: “Nunca vos conheci”(Mt 7:23).
2.2. De Deus – Asafe chegou a questionar Deus (v. 13). Pensou que Deus era injusto. Ele estava questionando o próprio caráter de Deus. Mas agora, isso é corrigido e Asafe olha para o poder de Deus (v. 18) – Não há nada que esteja fora do controle de Deus. Deus controla e governa tudo. Todas as coisas estão em suas mãos. ASAfe olha também para a justiça de Deus (v.19) – Os ímpios criam as leis, usam as leis, manupulam as leis, torcem as leis e escapam das leis, mas eles não escaparão do juízo de Deus. Mas, então, por que Deus permite o ímpio prosperar? É PORQUE DEUS PARECE ESTAR DORMINDO (V. 20). Isso é um antropomorfismo. Deus não dorme. Mas Deus nem sempre ajusta as contas no mesmo dia. Deus dá corda ao homem e entrega-o a si mesmo. Mas um dia Deus despertará e a ruína do ímpio será repentina e completa. Deus permite a prosperidade do ímpio para que o peco revele toda a sua fealdade. Também para mostrar o seu castigo do pecado. Para tornar a ruína do ímpio mais completa. Para mostra sua grandeza e sua glória. Para disciplinar o seu povo.
3. Você está seguro nas mãos de Deus quando você olha para você mesmo com honestidade – v. 21-22 Quando Asafe entrou na Casa de Deus descobriu que o seu verdadeiro problema não eram os ímpios, mas ele mesmo. Não eram as circunstâncias, mas seus sentimentos. Compare os versos 13 e 14 com os versos 21 e 22. Que conceito completamente diferente de si mesmo! E tudo é resultado de ter sido corrigido o seu pensamento. Asafe faz um auto-exame profundo e completo. Hoje somos rasos para examinarmo-nos a nós mesmos. Somos tolerantes com os nossos próprios pecados. Curamos supercialmente as nossa próprias feridas. Há muito pouco pano de saco e cinzas. Há muito pouca tristeza pelo pecado. Há muito pouca evidência do verdadeiro arrependimento em nós e entre nós. O maior problema de Asafe era o seu próprio EGO. Quando o nosso Ego assume o controle sobre nós, o nosso coração passa a governar a nossa cabeça. Passamos a ser governados por emoções e sentimentos e não pelo nosso entendimento. Asafe descobre que estava sendo ASNÁTICO (v. 22), como um asno, como um animal irracional. Ele estava agindo pelos seus instintos e não pelo seu entendimento. Asafe descobre que estava sendo EMBRUTECIDO E IGNORANTE (v. 22). Ele estava sendo ignorante a respeito do fim dos ímpios. Ignorante acerca do caráter de Deus e também ignorante acerca de si mesmo. Finalmente, Asafe descobre que estava sendo TUDO ISSO NA PRESENÇA DE DEUS. Lembre-se que seus queixumes, lamentos, auto-piedade está acontecendo na presença de Deus.
4. Você está seguro nas mãos de Deus, quando você abre os olhos da fé para entender o que é a graça de Deus na sua vida – v. 23-26
4.1. Asafe descobre a graça salvadora de Deus (v. 23) – “Todavia, estou sempre contigo” – Asafe estava quase caindo, de repente Deus abre-lhe os olhos da fé. TODAVIA, é uma das palavras mais importantes da Bíblia. O homem estava cativo e morto, mas Deus, sendo rico em misericórdia. O filho pródigo estava na lama, mas ele voltou e o Pai o recebeu. A ovelha estava perdida, mas o pastor a encontrou. Deus nos salvou apesar do que somos.
4.2. Asafe descobre a graça restringente de Deus (v. 23) – “Tu me seguras pela minha mão direita” – Quando estava quase resvalando os pés, Deus nos puxou do buraco, e nos impediu de cair na lama. Quantas vezes Deus tem nos impedido de cair. O Salmo 116:8 nos diz ele “nos livra a alma da morte, os olhos das lágrimas e os pés da queda”. Deus não apenas nos impede de cair, mas também nos levanta quando caímos.
4.3. Asafe descobre a graça sustentadora de Deus (v. 24) – “Tu me guias com o teu conselho eterno, e depois me recebes na glória” – Asafe agora fala da perseverança dos santos. O Deus que nos salva, nos livra, nos restaura, é o mesmo Deus que assegura a nossa salvação. Ele não apenas nos guia na jornada, mas depois nos recebe na glória. Jesus disse que aqueles que vêm a ele, de modo nenhum os lançará fora. Ninguém pode arrebatar as suas ovelhas das suas mãos. O fim da nossa jornada não é a riqueza que perece, mas a glória!
4.4. Asafe descobre a graça galardoadora de Deus (v. 25-26) – “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra… Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” – Asafe agora entende que o ímpio não tem nada, mas ele é rico. O ímpio será de súbito assolado, mas ele tem Deus na jornada na terra e tem Deus como herança eterna no céu. Asafe descobre que o sentido da vida não é o dinheiro, mas Deus. A verdadeira riqueza não é ter ouro, mas ter Deus. Asafe descobre que o dinheiro não dá segurança, mas Deus nos guia com o seu conselho eterno. Asafe descobre que o rico não pode ter nada na outra vida a não tormento, mas ele tem Deus como seu deleite e herança eterna.




CONCLUSÃO
1. Nos versos 27-28, o mesmo Asafe que estava sentindo inveja da prosperidade dos ímpios faz um contraste entre os ímpios e ele. Quem é rico? Quem está em vantagem? O ímpio ou o piedoso? O ímpio tem coisas, mas não tem Deus. Ele será assolado de súbito, mas o piedoso tem Deus. Ele é melhor do que suas dádivas. Ele é nossa herança.
2. Deus castiga o piedoso porque está trabalhando nele, transformando-o na imagem do Rei da glória, está desmamando-o do mundo. Mas mesmo aqui ele tem a presença de Deus, o cuidado de Deus, a direção de Deus e ao final ele terá a recompensa de Deus. O piedoso está seguro, guiado e glorificado (Rm 8:29-30). Para o crente a morte é lucro, é partir para estar com Cristo. É deixar o corpo e habitar com o Senhor.
3. Asafe compreendeu então, que vale a pena servir a Deus porque ele é bom (v. 1), porque ele é justo (v. 18,22,27) e porque ele é cuidadoso (v. 23-28).
Referência: Salmo 73.1-28


Escrito por Mariza Fran | 27 Julho 2011

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